quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Guapimirim - RJ - QUADRILHA - 05/09/2012.


Polícia desmonta esquema de corrupção na prefeitura de Guapimirim.


Agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro, realizam na manhã desta quarta-feira (5) a Operação Os Intocáveis para prender uma organização criminosa formada por políticos exercendo cargos na Prefeitura e na Câmara de Vereadores do município de Guapimirim, na Baixada Fluminense. 
Os criminosos desviavam, regularmente, há cerca de quatro anos, mais de R$ 1 milhão por mês de recursos públicos da Prefeitura – inclusive verba destinada à merenda escolar. Estão sendo cumpridos sete mandados de prisão e 45 de busca e apreensão, que foram expedidos pela Seção Criminal do Tribunal de Justiça. Além disso, outras 11 pessoas foram indiciadas, incluindo três vereadores.
Os mandados de prisão incluem o atual prefeito da cidade, Renato Costa Mello Júnior (o “Júnior do Posto”); a subsecretária de Governo licenciada e candidata a prefeito de Guapimirim, Ismeralda Rangel Garcia; o presidente da Câmara dos Vereadores, Marcelo Prado Emerick (“Marcelo do Queijo”); o atual secretário de Governo, Isaías da Silva Braga (“Zico”); e o chefe do Setor de Licitações da Prefeitura, Ramon Pereira da Costa Cardoso. Também estão sendo com mandados de prisão Ivan Azevedo Valentino (“Ivan do Gazetão”) e Ronaldo Coelho Amorim (“Ronaldinho”), que tinham a função de “laranjas” da organização criminosa. 
Os policiais da Draco e da Ssinte se encontram também na Prefeitura e na Câmara de Vereadores de Guapimirim para cumprir mandados de busca e apreensão.
O Ministério Público Estadual denunciou um total de 16 pessoas sob acusação dos crimes de quadrilha armada, fraude em licitação, corrupção ativa, coação no curso do processo e peculato, que podem somar até 24 anos de prisão. Entre os denunciados, que não têm mandado de prisão decretada, estão os vereadores Iram Moreno de Oliveira (“Iram da Serrana”), Alexandre Duarte de Carvalho e Marcel Rangel Garcia (“Marcel do Açougue”), que recebiam mensalmente, cada um, valores entre R$ 50 mil e R$ 80 mil para evitar que as contas da Prefeitura fossem alvo de fiscalização pela Câmara Municipal de Guapimirim.
A Operação Os Intocáveis é resultado de sete meses de investigação da Draco, a partir de uma denúncia recebida. De acordo com as investigações, o grupo roubava dinheiro público dos cofres da prefeitura por meio de diversas ações criminosas. 
Alguns exemplos:
·Veículos particulares em nome dos acusados eram alugados para a prefeitura a preços superfaturados, como no caso de um automóvel ano 1993 que custava R$ 7 mil por mês aos cofres municipais.
·Notas fiscais contabilizam a venda de até 60 toneladas de carnes por mês para a Prefeitura, porém essa quantidade era incompatível com a demanda do município e com o porte do fornecedor. O mesmo artifício de vendas fantasmas era usado para fraudar compras de pães e outros alimentos destinados à merenda escolar.
·O presidente da Câmara dos Vereadores, “Marcelo do Queijo”, é proprietário de uma empresa de manutenção de ar-condicionado que prestava serviços para a prefeitura com notas fiscais superfaturadas. 
Organização ofereceu propina a policiais
Durante as investigações, os políticos criminosos procuraram policiais da Draco para tentar um “acerto”. A Draco pediu autorização judicial para, de forma simulada, aceitar uma propina, como forma de ganhar a confiança dos investigados e conseguir mais provas.
Assim, no dia 27 de julho, policiais se encontraram com os criminosos num posto de gasolina em Guapimirim para receber a quantia de R$ 800 mil, entregue em notas de R$ 100 e R$ 50, oferecida como propina pela organização criminosa para que as investigações fossem encerradas. O dinheiro foi entregue aos policiais pelo presidente da Câmara dos Vereadores, vereador “Marcelo do Queijo”, acompanhado de outras pessoas. Chamou a atenção dos policiais o fato de as cédulas estarem úmidas e com cheiro de esterco, o que leva a crer que estavam enterradas. Na ocasião, os criminosos disseram que, a partir de janeiro de 2013, iriam pagar R$ 20 mil mensais para os policiais, caso a candidata Ismeralda Rangel Garcia ganhasse as eleições para a Prefeitura de Guapimirim.